Lans invadem favelas e aproximam inimigos no Rio |
Tribos variadas ocupam salas específicas e há opções para todos os gostos.Opção barata de lazer, as lan houses lotam até nas madrugadas.
Que funk, que nada. O grande lance agora é teclar e paquerar nas lan houses das favelas do Rio. Jovens entre 12 e 25 anos lotam as salas de computadores com acesso à internet nos puxadinhos que se proliferam nas comunidades pobres da cidade.
Somente na Rocinha, na Zona Sul do Rio, são cerca de cem salas. Na Cidade de Deus, na Zona Oeste, cerca de 30. E no conjunto de favelas da Maré, no subúrbio, cerca de 150, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.
Pesquisa do Comitê Gestor da internet no Brasil demonstra que a população com renda familiar até R$ 300 é responsável por quase 50% dos acessos em lan houses, que costumam cobrar R$ 1 por hora de navegação. A procura é tão grande que na Maré os internautas disputam os computadores até de madrugada. Segundo o Observatório de Favelas, sexta-feira é o dia mais concorrido. Isso porque algumas salas oferecem o ‘viradão’, promoção em que o internauta paga R$ 6 para navegar até o amanhecer, com direito a refrigerante e pão no café da manhã.
Na Rocinha não é diferente. Melhor: amores virtuais estão se tornando reais. Reginaldo Neto, 19 anos, que trabalha com gravação de DVD, conheceu Williane da Silva, 16 anos, estudante, trocando mensagens via msn numa lan. O primeiro encontro real rolou três meses depois.
“Estamos há um ano e três meses. Estamos até morando junto e tudo. Depois esquecemos o negócio de msn e Orkut porque dá muita confusão entre o casal. Muito ciúme. Aí paramos de freqüentar lan house”, conta o rapaz, sob o olhar atento da namorada.
Animado com o número de conquistas que realizou via web, Richard Alves Ribeiro, mais conhecido como Nog, de 19 anos, gasta até cinco horas de navegação por dia trocando mensagens com pretendentes. Foi dessa maneira que ele conheceu a atual namorada, a estudante Isabela, de 16 anos.
“É bonzão. Muito bom paquerar as mulheres pelo msn e pelo Orkut. Peguei umas sete. Tudo na conversa. Tem alguns amigos que mandam pra gente o endereço de e-mail ou pegamos no Orkut mesmo. Um vai apresentando pro outro”, conta animado sobre como funciona o esquema.
“Foi assim que conheci minha namorada. Estou com ela há seis meses. Levei três semanas teclando direto até descobrir que ela morava perto da minha casa e nos conhecermos pessoalmente. Mas eu continuo indo à lan house”, esclarece Nog.
Tudo é motivo de festa
A agitação é tamanha em torno das lan houses que até quando estão fechadas para manutenção os freqüentadores ficam na porta. Ivan Viana é dono de dois desses estabelecimentos na Rocinha e conta que atualmente este é o principal ponto de encontro das crianças e dos adolescentes da favela.
“Cada lan house tem uma determinada galera. Algumas têm música ambiente, outras são silencionas e tem as que são festa o tempo todo com música funk, pagode ou hip hop. Tudo com refrigerante e biscoito. Bebida alcoólica não entra”, avisa.
Nog é um dos freqüentadores que gostam de marcar festinhas entre as tribos das lans. Ele conta que cerca de 200 pessoas costumam ir aos bailes que acontecem na casa dos amigos e nas lajes da favela. “A gente marca as festas tudo pelo computador avisando que tem uma festa e vai formando o bonde. Acontece tipo uma vez por mês.”
Ronaldo Lemos, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-Rio, explica que existe uma carência de espaços públicos nestas comunidades. A lan house estaria preenchendo esta lacuna. Mais do que isso: essas salas de computadores estariam servindo para aproximar pessoas de favelas rivais.
“Isto está ganhando uma dimensão social importante. O pessoal tem usado para conversar com pessoas de morros vizinhos por sites de relacionamento. Você acaba fazendo amizade com uma pessoa que você via como inimigo e não é inimigo. Acaba furando as barreiras geográficas impostas pela guerra do trafico no Rio”, esclarece.
Fonte:G1
Que funk, que nada. O grande lance agora é teclar e paquerar nas lan houses das favelas do Rio. Jovens entre 12 e 25 anos lotam as salas de computadores com acesso à internet nos puxadinhos que se proliferam nas comunidades pobres da cidade.
Somente na Rocinha, na Zona Sul do Rio, são cerca de cem salas. Na Cidade de Deus, na Zona Oeste, cerca de 30. E no conjunto de favelas da Maré, no subúrbio, cerca de 150, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas.
Pesquisa do Comitê Gestor da internet no Brasil demonstra que a população com renda familiar até R$ 300 é responsável por quase 50% dos acessos em lan houses, que costumam cobrar R$ 1 por hora de navegação. A procura é tão grande que na Maré os internautas disputam os computadores até de madrugada. Segundo o Observatório de Favelas, sexta-feira é o dia mais concorrido. Isso porque algumas salas oferecem o ‘viradão’, promoção em que o internauta paga R$ 6 para navegar até o amanhecer, com direito a refrigerante e pão no café da manhã.
Na Rocinha não é diferente. Melhor: amores virtuais estão se tornando reais. Reginaldo Neto, 19 anos, que trabalha com gravação de DVD, conheceu Williane da Silva, 16 anos, estudante, trocando mensagens via msn numa lan. O primeiro encontro real rolou três meses depois.
“Estamos há um ano e três meses. Estamos até morando junto e tudo. Depois esquecemos o negócio de msn e Orkut porque dá muita confusão entre o casal. Muito ciúme. Aí paramos de freqüentar lan house”, conta o rapaz, sob o olhar atento da namorada.
Animado com o número de conquistas que realizou via web, Richard Alves Ribeiro, mais conhecido como Nog, de 19 anos, gasta até cinco horas de navegação por dia trocando mensagens com pretendentes. Foi dessa maneira que ele conheceu a atual namorada, a estudante Isabela, de 16 anos.
“É bonzão. Muito bom paquerar as mulheres pelo msn e pelo Orkut. Peguei umas sete. Tudo na conversa. Tem alguns amigos que mandam pra gente o endereço de e-mail ou pegamos no Orkut mesmo. Um vai apresentando pro outro”, conta animado sobre como funciona o esquema.
“Foi assim que conheci minha namorada. Estou com ela há seis meses. Levei três semanas teclando direto até descobrir que ela morava perto da minha casa e nos conhecermos pessoalmente. Mas eu continuo indo à lan house”, esclarece Nog.
Tudo é motivo de festa
A agitação é tamanha em torno das lan houses que até quando estão fechadas para manutenção os freqüentadores ficam na porta. Ivan Viana é dono de dois desses estabelecimentos na Rocinha e conta que atualmente este é o principal ponto de encontro das crianças e dos adolescentes da favela.
“Cada lan house tem uma determinada galera. Algumas têm música ambiente, outras são silencionas e tem as que são festa o tempo todo com música funk, pagode ou hip hop. Tudo com refrigerante e biscoito. Bebida alcoólica não entra”, avisa.
Nog é um dos freqüentadores que gostam de marcar festinhas entre as tribos das lans. Ele conta que cerca de 200 pessoas costumam ir aos bailes que acontecem na casa dos amigos e nas lajes da favela. “A gente marca as festas tudo pelo computador avisando que tem uma festa e vai formando o bonde. Acontece tipo uma vez por mês.”
Ronaldo Lemos, coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade da FGV-Rio, explica que existe uma carência de espaços públicos nestas comunidades. A lan house estaria preenchendo esta lacuna. Mais do que isso: essas salas de computadores estariam servindo para aproximar pessoas de favelas rivais.
“Isto está ganhando uma dimensão social importante. O pessoal tem usado para conversar com pessoas de morros vizinhos por sites de relacionamento. Você acaba fazendo amizade com uma pessoa que você via como inimigo e não é inimigo. Acaba furando as barreiras geográficas impostas pela guerra do trafico no Rio”, esclarece.
Fonte:G1